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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 4 de setembro de 2010


Inda sob o efeito Espacial...

Grato aos amigos que pessoalmente, pela ria ou por e-mail adquiriram O Efeito Espacial. Os que adquiriram na livraria, se quiserem, posso autografar, contatem-me e a gente se dá um jeito de ir até você. Sinopse:
Abduzido e devolvido em miniatura para o seu quintal, rejeitado por não conseguir comunicar-se com os alienígenas. Depois de uma noite escondido no ralo como rato, volta ao tamanho normal e não conta à esposa sobre o "sumiço", mas começa a ter essas recaídas pelo “efeito espacial” ao passar por crises de depressão e de autoestima de forma inusitada, e ele e vai descobrindo uma nova c(C)onsciência de que não é um rato, é... (vide desfecho no final do livro). Obs. Ao lado minha ratinha...lendo. Compre por R$13,90 um livro que você pode dar até para o seu inimigo, rsrsrsrsrs...
"Qualquer semelhança entre homem e rato é mera coincidência"(frase atribuída a um rato)

As Marias, com Marina e Gabi, duas mestras do teatro piracicabano, quando passar você não deve perder. Acho que da casa delas viram meu blog...
Texto do blog abaixo:
Lembram-se dos Lusíadas, dos Barões assinalados...então.
"As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram; ....."
-- Luís de Camões,
Os Lusíadas (1572)
Canto I, 1--2

Bordões assinalados






Quem não viu?



O quadro de Pedro Américo configura um momento cívico e desemboca nos desfiles e comemorações de rua. Independência ou morte teria sido o grito de um jovem príncipe português, bem assessorado por brasileiros e conspiradores. Por meses lutaram para deixar o caminho limpo nas províncias brasileiras e se fizeram negociações diplomáticas e dívidas para que o mundo aceitasse essa independência de Portugal, sem que a língua do príncipe sofresse qualquer arranhão – falamos o português, pois.
O quadro no salão do Museu Paulista da USP retrata o momento concebido e a sensação do grito. Épico, mostra o monarca e os dragões da independência com seus cavalos bonitos com as espadas desembainhadas em sua direção, num gesto de fidelidade. O novo monarca, ao centro e ao topo, eleva a arma na direção do infinito; mais atrás, cavalheiros tiram o chapéu em deferência ao novo monarca do Brasil. Estariam mesmo lá? Contudo, um cavaleiro espera para passagem, enquanto assiste simplesmente, sem chapéu para tirar – talvez um político mais prudente.
Por fora da cena e da estradinha do Ipiranga (uma rotatoriazinha sem asfalto), acima e ao fundo, vê-se um trabalhador a pé que passou com a mula carregada com picuás no lombo, distante, quase imperceptível. Mais abaixo, em primeiro plano, saindo da estrada para fora do leito carroçável e sobre o mato por não ter passagem, um carro-de-boi carregado de toras e o guia que faz os animais aguardarem para a travessia do Ipiranga talvez. E parece que o grito foi tão alto que o pintor mudou o curso do rio para caber na estética da obra – veio à força de pincéis à margem que mais identificava o evento.
Assim fora o grito, vamos aos sussurros. Dentre o povo alguns comentaram, outros nem souberam de momento. Não foi nenhum grito. Foi uma declaração, uma decisão que não poderia ser adiada e o príncipe vinha de uma noitada em Santos. Subia a trilha para São Paulo com uma besta gateada e não com o belo cavalo rosilho no qual aparece montado para dar o grito. Com certeza já dera muitos gritos, mas “esse” não deu e decidiu depois de sair de uma pequena moita, onde fazia o que todo homem do reino tinha de fazer.
No quadro, o príncipe e seu séquito ao centro da cena ocupando como que uma rotatória de terra acima do riacho, definindo a importância do ato comemorativo. Mas nas laterais a vida cotidiana e o Brasil real, elementos pictóricos que fazem a visão do espectador retomar a cena e girar pelos belos detalhes, fantásticos, dos cavalos e da bravura dentro do quadro. No país da época, o transporte eram carros-de-boi cantantes e picuás de carga nos lombos das mulas, a ferrovia veio depois; mas entre esta cena de borda, alguém montado num cavalo preto e sem chapéu, atrás da cena apoteótica, também na marginal fora da estradinha de terra, sobre a grama - um observador solitário - talvez eu ou o leitor dessa história do Brasil, ou mesmo o pintor que se retrata como assinatura dele, mas se a eleição fosse hoje... Caberíamos nesse quadro, mesmo nas bordas?

2 comentários:

  1. Olá, Camilo!
    Gostei muito de tudo por aqui, parabéns pelo seu trabalho! Quem me indicou foi o seu amigo Paulinho Faria via blog...
    Abraços,
    Talita

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  2. Talita, grato pela visita e volte sempre. Grato também por me seguir, é para vocês que a gente escreve e sonha um mundo melhor, sempre. Um abraço.

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