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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


Amigos, grato pelo apoio e acessos em 2010. Espero que este blog de crônicas continue correspondendo às espectativas. Mas vejam o texto abaixo sobre como surgem expressões populares, que depois ninguém sabe quem falou primeiro. Um abraço. O blogueiro

Dia enluarado

Que lua? – Essa é uma expressão popular nova que se incorpora à Língua. Numa fila de supermercado, o “mano” suado olhou para mim e desabafou: que lua, heim meu!? Não tive alternativa linguística a não ser responder: Que luão, né!?
Os literatos que o corrijam à portuguesa, mas o povo entende e nem a ditadura consegue mudar o espírito da língua e os apetites por vocábulos novos, nascem por aí como filho sem pai de uma geração espontânea ou a criatura é relegada a um escritor aventureiro.
Ora, Sol e Lua são análogos, sucedâneos, mas a Lua é maior que o Sol, maior não, “mais grande” porque está mais perto (embora dizer “mais grande” fira os ouvidos sensíveis, os dois astros são grandes, um é ou parece maior que outro. A Lua tem um calor próprio e em noite enluarada o dia é mais quente ainda, dia enluarado! A Lua vence o aguerrido e inflamado sol em noite de Lua, ela reina durante o dia e noite.
O professor da esquina discutia com o homem que perambulava pela rua pedindo, provocando, arruaçando. O modesto mestre, cujos óculos não lhe caem das pupilas flamejantes, advertia-o a seguir o bom português; mas do bar vinham bêbados e mais algumas expressões espirituosas. No que lá também junto ao vinho e à caninha reviviam literatos e artistas de figuração, mesmo a desdém de um copo protagonista.
Embora não fosse desfrutar do vício parava os que iam para um dedo de prosa – mas nem um uisquinho, tio? Era só conversa mesmo. Como a casa do professor era o início de um aclive, o bebum ficava, os corajosos que tentavam subir desajeitados, voltavam para o parapeito da janela e conversavam ou dormiam agarrados ao poste. O caso era que num desses dias, o transeunte, trançando as pernas, queixava-se do nhenhéu. Seria um pernilongo, um Aede Egipte, um mosquito comum, ou o quê? O literato e filólogo quis saber, mas só ouvia o zumbido e os golpes de trôpego tentando acertá-lo de punhos cerrados. Que nada. O coitado estava suado e não pegava a criatura voadora invisível e como não visto, era como um verme ou bactéria, nome de coisa que não se vê. Mas o professor insistiu:
- O que esse nhenhéu, meu filho; eu não sei?
- Num sabe, um próóofessôr, nenheu.

Neste 2011 lançarei O Seminário. Um livro de muita dedicação para escrever, reescrever, garatujar, regaratujar, corrigir, recorrigir, ajustar, reajustar, pensar na capa, na contracapa e chegar até o leitor da melhor forma e o mais caprichado possível. Aí está ao lado, num livro aberto O Seminário. Vou informando melhor nas próximas postagens. Para maiores contatos acesse meu e-mail camilo.i@ig.com.br

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