Conteúdo

O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 18 de junho de 2011

Amigos, hoje posto um texto sobre lenda popular, criada pelo medo. Você tem medo de lobisomem? E vou lhes contar, aqui em Piracicaba, um caipira que me visitou contou e jurou de pé junto e com os dois olhos estalados, não dava para argumentar e esse pessoal sabe contar, os literatos aprendem com eles. Então, não restou alternativa a não ser pra frente, como comprei, tô vendendo. rsrsrs. A flor abaixo é só para acalmar, mas se quiserem http://youtu.be/watch?v=-aIv0wBjI-I&feature=related (endereço de depoimento sobre o lobisomen)
Lobisomem
Um caipira me contou do cachorro mais feio e bravo que pit-bull e num baita cagaço. A mãe dele prevenira do perigo. Se numa família o filho caçula fosse o sétimo filho, virava Lobisomem. Em noite de lua cheia tinha de correr sete fazendas e comer bosta de galinha. Quando amanhece o feitiço se desfaz, volta a ser homem, um pouco amarrotado, com lanhos de mato e espinhos, bicadas de galinhas e de insetos, chegava a casa, humano. Só a mãe sabia e deixa uma bacia onde põe água quente para o filho se lavar. O rosto vai voltando às feições familiares, as garras se encolhem como unhas, os pelos dão lugar a barbicha rala e o focinho era de novo aquilino, o corpo voltava à compostura e, para a mãe, o filho era o mais lindo do mundo outra vez. Dizia o caipira que não se podia tirar sangue dessa fera, sob pena de se tornar igual a ela e que por Deus, nunca ninguém alvejou um lobisomem e quase sempre a arma falhava ou ele fugia no mato.
Eu, um cético de plantão, disse a ele que jamais vi lobisomem, alma do outro mundo, assombrações, espírito zombeteiro, etc.; daí ele veio com uma de “mai o cê nunca iscuitô?”. Bem, pensando melhor, até que escutei coisas estranhas ou escuto ainda, mas se estou deitado viro-me de lado e durmo como bebê, os fantasmas que passeiem sem mim.
Na roça, contava ele, a coisa era brava. O lobisomem vinha mesmo, “inziste”. Já o encontrou, perguntei. Viu de relance e era mesmo um cachorrão, enorme. Uma noite os cachorros ladravam no quintal, tinha alguma coisa lá fora. Sua mãe o proibia de sair. Abriu uma fresta para tentar ver e a noite era um breu. Os cães latiam de lá para cá até que percebeu um animal acuado num canto, sob muitos latidos. Tirou a cara na porta para ver aquele tropel, enquanto a mãe fazia o sinal da “cruiz”. Pensou que os cachorros iam deter o bichão, mas qual! A fera veio feito um demônio, passou com o focinhão igual ao de urso, soprando perto da cara dele, a mãe lhe puxou pela camisa com praguejamento pela desobediência. Ele ainda se lembrava da caatinga do bicho. Era lobisomem mesmo. Os olhos vermelhos e aquela feiúra, e parecia que queria dizer alguma coisa. Padecia de sua sina, mas por pouco...
O caipira disse que foi fuça com fuça, se o bicho lhe arranhasse podia ser o próximo lobisomem do bairro. Foi por Deus. O sinal da “cruiz” da mãe valeu.

Publicado no A Tribuna Piracicabana em 18/06/11

Adquiram nossos livros à venda na Nobel do centro, do shopping e no taquaral Unimep. Os valores são 23,00, 13,99 e 9,90, respectivamente e são os meus O Seminário, O Efeito Espacial e o infantil da Luzia Stocco A costureira e o Clown.

Abç e boa semana.

O blogueiro

2 comentários:

  1. Escrito assim com suas graciosas palavras, a história tem realmente um tom de verdade. Vai ver, até seja mesmo. Quem pode garantir qie não seja?

    Felicidades, amigo!

    ResponderExcluir
  2. Olá primo, realmente, fundo de verdade ou mesmo um mito, sua estória lembra um certo filósofo...
    o homem é lobo do próprio homem ou será lobisomen?...

    abraços
    de uma olhada no meu blog. Tem uma postagem nova.

    ResponderExcluir

Seu comentário é valioso. Grato.