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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 6 de agosto de 2011

Discussão passageira


Gratos aos mais de oitenta acessos e aos novos seguidores e ao convite do Kleber, da revista Carpim Diem. "Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro." - pesquisa na wikipédia.
Posto hoje um texto para desopilar um pouco,
é uma cena divertida dentro de um ônibus. Como em todo ambiente, sempre uma discussãozinha e se ninguém se ferir, tudo bem. Aproveitei o vocábulo passageira para substantivo e adjetivo, como a mente encaixar melhor.
A foto ao lado não tem nada a ver com o tema e é de integrantes do grupo Andaime.

Discussão passageira
O alvoroço se estabeleceu na catraca do ônibus, que balançava nas curvas. A fila espremida para passar na roleta. A mulher fora esbofeteada pelo cobrador e revidava com a bolsa grande que tinha nas mãos. Os de trás recuaram do campo de batalha, alguns se aproveitaram e nas diversas paradas saíram pela porta traseira sem pagar.
O motorista da cabine vendo a estranha situa
ção com perdas de passageiros pelo caminho parou o ônibus, levantou-se e foi até lá pôr ordem. O que está acontecendo aqui? Cobrador e passageira puseram a explicar. Era a bolsa da mulher. Ela de “tudo combinandinho”, com um falar de ésses e érres, de esgar dissimulado e tinha as unhas de um vermelho de arranhar olhos. O moço não queria liberar a roleta para ela pagar depois que passassem os da fila, porque o dinheiro estava na bolsinha:
- Ora, era só abrir ali mesmo e pagar, minha senhora!
- O senhor não entende, é uma bolsa de moedas, no fundo desta.
...e começou a pôr coisas fora sobre um banco, sob os olhos dele. Antes que acabasse de fazê-lo e depois de quinze minutos, o condutor, não se contendo, lhe desfechou um chute e fez tudo rodar pelo piso
do ônibus. Desta vez um policial à paisana, que subira no ponto veio e segurou o motorista irritado. A conversa continuou no distrito policial próximo, todos ao mesmo tempo e o policial começou a relatar ao colega escrivão, mais ou menos assim. “Perturbação da ordem. A mulher aqui, na qualidade de passageira, o condutor e o cobrador aqui presentes, envolveram-se numa briga dentro do mesmo. O caso se deu devido àquela furtar-se a pagar da forma usual e só ter moedas.”
A mulher quis explicar ao “seu moço” escrivão. Era a bolsinha, não a colorida, era a do fundo e começou a pôr coisas fora, desta vez sobre a mesa do escrivão, para explicar. Num frenesi, ia abrindo bolsas e bolsinhas menores, em série, uma dentro de outra, todas de zíper e de cores variadas, cada uma para cada coisa. Ia expondo suas bolsas e coisas avulsas como uma loja de roupas ante os olhares masculinos de “óólha!”, “hum...?”, “é para vender, é?” até que por última achou a bolsa de moedinhas! Pagou ali mesmo, com alguns centavos de ironia, ao cobrador, que não pode dar o troco. O motorista e o guarda viram de relance algo que o cobrador guardou na jaqueta – ganhara um presente de uso exclusivo, um apito. A ordem foi restituída.

se quiserem, acesse-nos também no www.camilotextos.blogspot.com

3 comentários:

  1. olhe primo, magnífica crônica, com altos e baixos 'baracos', experenciando o cotidiano de algumas pessoas. O transporte público e seus personagens traz fascínio e comicidade no seus relatos.
    Abraços

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  2. Se acabar em briga, cada vez que uma mulher demorar para achar algo dentro da bolsa, então o planeta vai explodir, rsrs. Ás vezes, não conseguimos achar a tempo o celular que está tocando, rs. Abraços!

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  3. Sei não, Camilo, mas esse texto me parece baseado em experiência própria. rsrsrs Abraço!

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