Conteúdo

O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 17 de setembro de 2011

Grato aos visitantes e seguidores ao blog, e por isso hoje, às 07:00 pontuais posto este texto sobre... comentem
Dr. Conan Doyle - ficção
Devido aos meus males de terceira idade passei por vários médicos. Soube de um inglês e consegui através de um amigo a consulta. A sua sala de espera era ao estilo vitoriano, trouxera a mobília da Inglaterra e fazia a gente se sentir naquela época, da rainha Vitória, em que “se dava para distinguir bons dos maus na sociedade” – éramos os bons, claro!
Meu amigo foi junto, afinal a anamnese do meu caso era importante e o diagnóstico de desmemória era clínico, sem exames laboratoriais - às doenças deste século os remédios daquele, dos tempos da rainha Vitória. Voltei no tempo ao entrar no consultório.
Esperávamos diante de um enorme relógio clássico de estojo talhado e de madeira cheirosa, destes que fazem o tempo virar época. Aguardava perto de um senhor que me olhava simpático, com bochechas vermelhas ao rubro, com cara de leitãozinho desmamado e de espírito anglicano, o das horas certas – não vi celular, óculos de marca com ele, mas uma corrente dourada pendente do colete de um possível relógio do bolso interno. Achei-o suspeito quando vi meu amigo de olhar investigativo, conjecturando. Tinha um caso de um tal inglês, assaltante de bancos que se passava por cidadão comum. Socorri-me da ansiedade numa bandeja de prata com biscoitos amanteigados, mas não pude deixar de perceber o aroma da cozinha – café! Peguei uma xícara para mim e dei uns goles ali mesmo com o nariz encostado nas bordas. Meu amigo Sher, seu apelido para brasileiros como eu, aguardava britânico, austero com sua bengala, a hora exata da consulta.
- você quer café? – o silêncio em sorriso, me fez arranhar o inglês (you want drink coffe?).
Assentiu, não respondeu. Levei-lhe uma xícara. Não fez como eu, pegou-a pelo pires e me olhou inquisitório e direto, em português:
- Você sabe, já lhe disse, eu não tomo café, você esqueceu?
O café ainda fumegava diante de seus olhos frios e distantes, de uma era em que tudo tinha precisão, dizendo por fim:
- A mim cabe uma chávena, no entanto. Thank you.
Às 8h30min fomos chamados à consulta. Um senhor de bigodes escovinha gasta e olhos interrogativos nos recebeu, pontual. Na sua mesa muitos papéis que rabiscava na falta de pacientes que se atrasavam ou não vinham. Escrevia histórias de ficção. Nem ousei dizer que tinha a mesma mania, ia parecer obsessão e mau diagnóstico para mim, mas minha memória foi se recobrando ao ver esse encontro deles:
- Sherlock Holmes!
- Sir Conan Doyle!
- Oh, meu amigo, depois de publicar minhas aventuras no jornal de Londres, estou procurando um matutino aqui.
- Esqueça. Seus textos são longos demais e aqui não tem espaço.
Ah, caros leitores, meu mal é falta de memo... me... Gaguez, pronto.
Nota: Conan Doyle, autor de literatura policial, do ficcional Sherlock Holmes, publicava no Jornal de Londres e encontram-se estas publicações disponibilizados, com ilustração de época, no site
www.Sherlockholmesbr.vilabol.uol.com.br/afaixa.html


Aos interessados pela literatura de nossa autoria, contate-nos pelo e-mail camilo.i@ig.com.br e encomendem por correio ou pessoalmente, com dedicatória, os nossos livros ou peçam as sinopses. Ei-los

Um comentário:

  1. Oi, Camilo! Gostei muito daquela parte sobre o relógio clássico, daqueles "que fazem o tempo virar época". Uma ótima semana! Abraço!

    ResponderExcluir

Seu comentário é valioso. Grato.