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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 3 de março de 2012

Amigos, eu vos apresento o Golem, um ser mitomano. Não se assustem com qualquer semelhança com o nosso Androide.
Golem
Num dos capítulos de O livro dos seres imaginários de Jorge Luís Borges o apaixonante velhinho fala do Golem. Borges usava bengalas devido à visão que foi se debilitando com a velhice, mas não tinha o google, yahoo, como nós (que dá a impressão que conhecemos “trocentas” obras), a pesquisa dele era na raça, nos livros poeirentos e tinha que ir pelo fascínio – o qual tornou-nos um fascinante contribuinte da literatura e de conhecimento este argentino. Um humilde letrado, de boa prosa e de percepção etimológica. Famosos seus ensaios publicados no livro acima referido, relato trechos saborosos dos mitos. O golem é um ser criado de massa amorfa e Borges cita as recorrências dele em várias obras antigas. Ora o sonho humano perpassa gerações, assim como os sonhos de Borges falecido, e adquire novas roupagens. O homem é sempre o mesmo em essência, não evolui conforme quer a tecnologia, mas se mantém como tal, desconhecido a si mesmo. O golem
foi criado por combinações de letras e, literalmente, é matéria sem forma ou sem vida. Um autor austríaco citado por Borges, Gustav Meyrink, escreve que um rabino construiu um homem artificial – o golem – este para ter vida vegetativa e cumprir obrigações na sinagoga como tanger as sinetas; mas este golem entrou num frenesi atacando os vizinhos todos. O rabino o desativou, retirando as inscrições mágicas como um selo que o animava e ficou somente o barro que ainda hoje se vê na sinagoga de Praga, conforme o autor austríaco. O segredo de se construir um golem foi retomada por Eleazar de Worms que conservara a fórmula para tal empresa. Borges diz que os pormenores abarcam vinte e três colunas e exigem conhecimento dos “alfabetos das duzentas e vinte e uma portas” que é preciso repetir sobre cada órgão do golem. Na testa a palavra emet que significa VERDADE, אמת, em hebraico; para se destruí-lo é necessário apagar a primeira letra e, que, met significa morto. Creio que assim nascem as ideologias, antes práticas reais, depois uma doutrina ou leis gerais – ideologia. A prática talvez seja este E ou o tchan da coisa. Ou seja, neste gancho de Borges, que nos remete a muitos outros, o golem é um homem programado, com letras, bit, bits, chips, com programas executáveis e sub-rotinas. Se Borges estivesse entre nós hoje, na era do computador, talvez fizesse algumas analogias em relação ao nosso androide, que é vivo ou morto? Todavia, não há robô, golem ou substituto para o ser humano, nem haverá – essas criações fantásticas ou mesmo técnicas são projeções de necessidades físicas e espirituais da pessoa humana, como demonstra o filme ganhador do Oscar, A invenção de Hugo Cabret, nos quesitos foto e direção de arte.
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Temos ainda um texto de análise sobre o filme A invenção de Hugo Cabret, mas ainda não foi publicado pelos jornais da cidade - após lançaremos neste blog. abç
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Um comentário:

  1. Nas loucuras diárias da psiqué humana... há muitos "Golens" soltos pelo mundo...
    Abraço, Célia.

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