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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 4 de agosto de 2012

Amigos e leitores de crônicas, desculpe-me pelos rebuscamentos, é que era madrugada mesmo e não tive tempo de emendar sinônimos mais usuais, recomendo um simples dicionário digital  e já resolve, se o caso.
Como trata-se de uma reflexão que tive, podem perguntar, criticar, o texto que faço é para isso.
Abç
O blogueiro

Madrugada

Levanta célebres sonhos e presságios e esconde meus piados no negrume incipiente do dia, dos meus pensamentos disformes. Uma voz vem como a um profeta: escreve, escreve... criando ordem no caos. Tépidas eiras sem vento e uma serração cai sobre as bananeiras em chão fofo e úmidas em cheiro. Como uma corsa a palavra rumoreja nas nuvens fugidias da branquidão silenciosa. Ciosa e materna a terra esconde o horizonte para o café da aurora.
Na terna escuridão sempiterna diuturna solidão, apavora, esmaga a visão. Olha, escreve. Um resmungo de velho, um vagido de nascido, um suspiro de lactante, dorme o velho, nasce o homem. A natureza toda geme no lago que reflete. Disforme é o visível, real o invisível. Da existência vã precede o abstrato, as palavras aí estão, escreve.
Um cisco vem rodando do longe rodamoinho celeste, uma estrela de Van Gogh cai do cipreste, as horas vão emergir o dia. Escreve, escreve. Que coisa é o dia? Que se passou na noite? Quem rega as flores da enseada, quem alimenta os lobos? Dorme no sono canino o homem que sonha um mundo que não é seu.
Não temas o que não vê, nem o que o negrume da noite esconde, uma dor resume o que jacta e arvora-se em medo o que desconhece, mas em silêncio a noite tece e o homem, criança, adormece. O mal de outrora, de turbada dissidia, desvanece. No pincel que apaga, lá fora à flor do dia que o relento afaga. Fica onde te colocou a vida, onde está sua essência. Não madrugue o dia, não esconda a noite, não delapide as tardes, que seus dias são preciosos, embora vãos no entremeio da sorte. Mesmo sem norte, simplesmente vive e não tema a morte. Talvez alguém toque o sino, amanheceu, amanheceu; mas outros dormem o sono da vida ou o sono da morte. Simplesmente vive, o escrever é um recorte!

2 comentários:

  1. Recorte na vida como ela se nos apresenta entre o despertar e o dormir eternamente. Pura filosofia de quem sabe da vida! Parabéns!
    [ ] Célia

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