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O blog atém-se às questões humanas. Dispensa extremismos ou patrulhas. Que brilhe a sua luz. Bem-vindo e bem-vinda!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Compadre, comadre, esta postagem é verídica, foi-me contado de ouvido e fui lá checar. Grato pelos acessos da semana que passou e dos que comentaram pelo meu estado de espírito, mas vamos lá, o natal já vem chegando. Abraço.
Blogueiro
Óvni em Mombuca

Havia uma assombração poderosa assustando o pessoal de lá e mexendo com as galinhas e animais do quintal. A criatura vinha pelo estradão, espantando as poedeiras e os porcos, que pararam nas quinze arrobas. A coisa desandou, disse-me o Cláudio, é um problema nacional, universal, ufológico. Ufológico!? Pensei ser uma simples superstição de roceiro, como as de Tuiuiú, que encontrava chocas nas moitas e dizia que era canguru. Tuiuiú é um caboclo inventivo, de puia e da vida mesmo, vai levando, improvisando, desculpando-se e vive da caridade e da zombaria dos seus conterrâneos, um forte, se ele me contasse não acreditava, mas o Cláudio não mente e passou a descrever assim, num dialeto roçado de uma prosa nervosa:
“A coisa veio com uma luz forte sobre o paió de mio, focalizô o galinheiro mais abaxo e foi um cacarejá danado, em meio aos latido do Tob, desesperado que só vendo. Falei prá mulher ficá na cama, peguei minha espingarda e fui. Se fosse largato o raposa eu acertava memo no escuro inté, mai... Se o cê visse não falava ansim, discrente.”
Tamanha apelação, fui para Mombuca; afinal, até Chico Anísio acreditava em ET. Ficamos de tocaia, toda a noite tomando café e espiando pela cortina que balançava com a brisa calma, o Tob na soleira de fora esqueceu até do cheiro do café, ressonava o preguiçoso. Às quatro horas em ponto, o cachorro acordou latindo muito, a coisa vinha, levantamos da mesa e do cochilo, em que ambos fingíamos vigiar. Mal abri os olhos e veio o clarão de uma luz intensa e uma coisa como que balançando asas num barulho medonho e assoprava, forte como avião a jato. Ensurdecedor. Dei-me conta do perigo e corri para baixo da cama e vi os dois olhos do Tob que rosnou para mim, saí do outro lado e voltei tomando coragem. Meu amigo estava boquiaberto e o balancei para voltar à respiração e ele disse:
- Dá umas ratiada no som de veiz em quando, aquela fumaça cinzenta e o chero... querosene puro. Coisa do outro mundo, nun é ninhum bicho.
No dia seguinte pela estrada o rastro até o capinzal queimado e mais a frente a casa do Tuiuiú, um roceiro, simples, que vivia conforme Deus mandava, arrumando-se daqui e dali e reciclando e inventando a vida, um forte. E a nave? Teria passado por ali? O caipira desconversou, mas vimos um opala, enferrujado, sujo e com cheiro de uso recente. Por fim, o Tuiuiú, mostrou o seu possante. Um Decavê psicodélico e cor fosforecente que pintou com restos de tinta que encontrara por lá. Ao entrar no veículo, levantou a porta que, se o chofer não sentasse segurando, não fechava; assim fazendo sentou no estepe, seu banco, e nos ofereceu um lugar no outro estepe do carona. Não tinha para-brisas. Os buracos dos faróis traseiros serviam de espia e um rato pulou de dentro, ao acelerar matou uma cobra no pedal, funcionou um pouco com muito barulho e morreu o motor por falta de combustível. Este cheiro de querosene recendia ao acionar o motor e o tanque... um galão plástico que emprestara do Cláudio, a pretexto de pegar água do rio, era o tanque conectado por umas borrachinhas toscas. Tuiuiú abriu o capô, olhou a última emenda que fez e ligou a coisa, que balançava toda e estourava, mas...plum, ploft, a “nave” engasopou. Na volta a pé vi atrás de um capinzal uma bobina de avião, um nacele, um insetário com borboletas, besouro e vaga-lume no alfinete velho, que mistura que o caipira ia fazer agora?!
Apressei o passo e o Cláudio não percebeu, mas lá tem coisa. 
Este Tuiuiú é danado e deve ter algum projeto em mente, difícil vai ser ele contar, melhor é esperar o novo susto do Cláudio.

Aos que estão pensando em presente de Natal temos exemplares do Ciladas do Androide ainda. Deixe um endereço para entrega e deposite na conta, chega aí rapidinho. Talvez seu filho, seu sobrinho se divirta com um androide caipira. 

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